quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Um pato ... QUATIÁ - QUATIÁ.

UM PATO ...QUATIÁ-QUATIÁ ! texto do Dr. Adilson Tadeu Machado. ...acordei lá pelas duas da manhã...como sempre acontece...mente desanuviada, abro o celular, espreito à tela no escuro, o brilho mostra nos MSN, uma luzinha verde, na “figurinha” da minha caçula Juliana ( hoje com 36 anos)...olho a temperatura da cidade onde vive no RS... -2 graus...penso o que faz ainda acordada ? – mando uma mensagem: - “hora do Pato Quatiá-Quatiá ir dormir !” Recebo pronta resposta: “conta dinovo!”. Bateu uma saudade...pouco mais de 3 anos de idade, Juliana, bico na boca, colocava uma ponta do cabelo, fazendo “cosquinha” (cócegas no ouvido) e me pedia uma “estorinha” para contar e dormir...Fins de semana, costumávamos ir para o sítio “Machado Longo!, no Jurerê Tradicional, nossa casa de 60 m2, cozinha, 2 quartos e banheiro! Um terreno de declive, encosta de morro...um paraíso que capinamos cada metro de quintal ! Inventei uma “estorinha” do Pato Quatiá-Quatiá (onomatopéia) – som de voz do pato imaginário...pequenino, amarelinho, “passeador” e na nossa imaginação contada, vivia ali pelo sítio e desbravava os cantos do quintal ! Juliana prestava muita atenção e a cada noite eu inventava um trajeto diferente...para os passeios do Pato Quatiá-Quatiá... uma vez inventei um final, onde o “desbravador” Quatiá-Quatiá, subia o morro atrás da nossa casa, pelas pedras, pelo pasto e descobria uma caverna...escura...entrava cauteloso...ouvia um uivar...era a casa de um “lobo”...este lobo malvado, “gostava muito de pato”...porque sempre estava com fome...os olhos da Juliana arregalavam-se com este temor ! Daniel, primogênito de 7 anos, deliciava-se com a aventura e o temor da Juliana, e gritava...” OLHA O LÔBO...CRÁU ! PEGA O PATO ! Juliana desesperada, gritava: NÃO ! CORRE QUATIÁ !QUATIÁ CORRE ! era uma gritaria que ninguém dormia, 3 na cama, 2 gritando para salvar o Quatiá-Quatiá e um gritando...vai lobo “cráu cráu pega o pato” . Geralmente acabava em chôro da Juliana...então cada noite quando recontávamos a “estória”...mudávamos o trajeto pelo pátio...e aí dizíamos: Acho que o Quatiá-Quatiá vai subir o morro... NÃO, PAI ! NÃO DEIXA ! LÁ TEM CAVERNA DO LÔBO ! – Daniel gritava...vai que lobo tá com fome ! (risadas pelo pavor da Juliana). As vezes o Quatiá-Quatiá, achava uma toca de tatu no pátio...que era uma pequena entrada...mas ninguém sabia ...se aquela toca poderia por acaso ir até a caverna do lobo...Daniel torcia que sim...e eu distorcia e dizia que era uma pequena tóca sem saída, que o Quatiá-Quatiá, não corria perigo ali... mas de repente achava outra tóca...”Não Pai...chega de tóca (Juliana) ...que nada, tem um monte de tóca para explorar no pátio e com certeza alguma sobe para o morro(Daniel) ! NÃO! NÃO E NÃO ! NÃO GOSTO DE TOCAS PARA O QUATIÁ QUATIÁ !(Juliana). Assim eram as noites... ... Pai conta “dinovo” “Estorinha do Quatiá-Quatiá ? Mas menina você morre de medo...quando eu conto...riso nervoso...Tá mas não deixa ele subir o morro, tá ? Tá...hoje o Quatiá-Quatiá vai só nadar na piscina do Tio Vicente ! - “mas depois que tomar banho...vai subir o morro né Pai ! (Daniel) -NÃÃÃOOO- (Juliana). Para Daniel e Juliana, que o Pato Quatiá-Quatiá...fique na memória e vocês contem “estorinhas” para meus netos ! — sentindo-se energizado com Juliana Schütz Machado Bonamente.