segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Moto & Cia



http://www.motoecia.com.br/reportagem07.asp?id=368
Texto: Amanda Dornelas 29/9/2010
Fotos: pfau.com.br

Relógios, motocicletas ou os dois?
A arte que transforma relógios em miniaturas de motocicletas

O que você diria se alguém dissesse que peças de relógio podem virar motocicletas? Seria espantoso não é mesmo? Mas calma! Isso realmente pode acontecer, mas não com motocicletas de verdade, e sim, com miniaturas dessas máquinas impressionantes.

Nascido e criado em Blumenau, Santa Catariana, o publicitário José Geraldo Reis Pfau, 60 anos, mais conhecido como Zé Pfau, desenvolve um trabalho espetacular com peças de relógio. Nas mãos desse artesão nas horas vagas, as engrenagens, pulseiras e vidros que iriam para o lixo se transformam em verdadeiras obras de arte sob duas rodas.

Em entrevista ao Moto e Cia Pfau conta como surgiu o interesse por esse trabalho, as partes utilizadas dos relógios para criar as motocicletas e muito mais.

Acompanhe a entrevista na integra.

Moto e Cia - Como começou seu interesse por moto?
José Pfau - Em meados dos anos 60 tive a primeira moto um Leonette/Jawa de 50 cc e depois uma BSA Inglesa de 600 CC. Era uma época que poucos eram motociclistas. Customizei as duas.

Moto e Cia - E como surgiu a ideia de unir motos e relógios para produzir essas miniaturas?
José Pfau - Procurava identificar um hobby e gostaria de criar figuras humanas com peças da área mecânica. Considero que todos nós temos talentos adormecidos. Cheguei a criar e fazer uma escultura de moto com chaves de portas. Nada espetacular.

Moto e Cia - Como o senhor consegue o material para produzir suas obras? São doados ou comprados?
José Pfau - Nunca comprei um relógio. Aliás, não os uso. É maravilhoso, pois as pessoas me procuram para entregar seus relógios usados para minhas obras de arte. Um amigo, e cliente varejista, faz uma promoção de troca de relógios usados por novos. Os usados vão para o lixo, pois não funcionam. Ele me repassa e desmonto, fazendo o estoque de peças de relógios para fazer as minhas miniaturas de motos.

Moto e Cia - Quais as partes do relógio que o senhor aproveita para desenvolver seu trabalho e em que essas peças se transformam?
José Pfau - É fantástico. Mas iniciei identificando que os relógios (caixas das máquinas) são na sua maioria redondas e então fazem as rodas. Utilizo todas as peças. Nada vai para o lixo. A máquina pode virar motor de moto, pulseira é o assento de couro, vidros são para-brisas de motos, pulseiras metálicas viram pneus.

Moto e Cia - Quanto tempo aproximadamente o senhor leva para concluir uma miniatura.
José Pfau - O meu hobby é executado nos finais de semana em casa. E cada sábado e domingo completo uma miniatura. Casos mais complexos nas noites seguintes.

Moto e Cia - Qual dos modelos foi mais complicado de fazer? Por quê?
José Pfau - Minhas miniaturas não têm escala e não são réplicas. Como os relógios fornecem peças prontas, o meu talento está em unir esse material para reproduzir a imagem das motos. Colei e hoje soldo com estanho as peças. Assim chego aos mais complicados que são os que reproduzem equipamentos conhecidos como a choper do filme “Easy Rider” ou mesmo Harleys ou outras com maior número de acessórios.

Moto e Cia - Quantas miniaturas há em sua coleção?
José Pfau - Faço a minha coleção há dez anos, devo ter aproximadamente quatrocentas motos.

Moto e Cia - O senhor divide sua coleção em categorias? Quais são essas categorias?
José Pfau - Tenho prateadas e douradas, coloridas, grandes e pequenas. Outras reproduzem motos famosas do cinema, outros equipamentos de guerra, outras de competição, de cross, com side-car, “dragsters”, antigas, BMW, Harleys, e tantas outras.

Moto e Cia - Há alguma das suas obras que você gosta mais? Por quê?
José Pfau - Realmente a mais famosa é um HD do filme “Easy Rider” cujo modelo customizada se chama “Capitão América”. A razão é ter sido ela a imagem do sonho jovem quando tive as minhas primeiras motos.

Moto e Cia - Em que locais/eventos o senhor costuma expor suas obras? Há algum calendário?
José Pfau - O público que busco nas minhas exposições são motociclistas, em encontros, nos apreciadores de motos, naqueles que gostam de miniaturas. Considero o público e local ideal as galerias de arte, aeroportos e shopping centers pela qualidade de apreciadores. Como faço as exposições sem patrocínio, estou quando convidado. Na minha cidade tem dois locais fixos, num hotel e num restaurante.

Moto e Cia - As miniaturas estão à venda? Existe a possibilidade de algum admirador adquirir uma das suas peças?
José Pfau - Este é um capítulo a parte. Não as vendo, apenas exponho. São dois os motivos básicos. Primeiro é que nesta parte do mundo (América Latina) não damos o valor devido a obras de arte como a que faço. No contrabando temos miniaturas réplicas chinesas, perfeitas, que custam nem 20 reais. Na Europa um trabalho de arte apenas semelhante ao meu, tem a venda na internet a partir de 300 euros. Segundo que pretendo receber convites e desejo viajar pela Europa e outras regiões mais desenvolvidas mostrando o meu trabalho.

Se quiser conhecer mais sobre o trabalho do Zé Pfau acesse o site: www.pfau.com.br/artepfau