quinta-feira, 11 de julho de 2013
30 ANOS - O VALE NÃO ESQUECE
Jornal de Santa Catarina 11/07/2013 | N° 12930 pagina 20
30 ANOS - O VALE NÃO ESQUECE
Ajuda custa a chegar
Militar precisa ir a Florianópolis buscar carga doada por empresa fabricante de produtos de higiene pessoal para evitar que o material seja desviado para outras regiões de Santa Catarina
Já faz uma semana que a água não dá trégua a Blumenau. Faltam mantimentos, itens para higiene pessoal, remédios e material esterilizado. Nada pode ser desperdiçado. Por conta das dificuldades em boa parte das cidades de Santa Catarina e pela falta de acessos, Blumenau recebe poucos donativos. Médico do 23º Batalhão de Infantaria, Adilson Tadeu Machado sabe muito bem disso. Está em pleno funcionamento o hospital em que o ambulatório do Exército se tornou. O médico conta com a ajuda de militares e voluntários para atender quem precisa de socorro.
É madrugada e o relógio marca pouco mais de 2h quando o médico é chamado ao telefone. Do outro lado da linha está o gerente de uma grande fabricante de artigos de higiene pessoal e de uso hospitalar. Quer doar a Blumenau quase 30 toneladas de produtos em condições de uso, mas que não podem ir à venda por pequenos defeitos de fabricação. Combinam que a carga chegará pela manhã ao Aeroporto de Navegantes, em um voo da Varig. Amanhece e o telefone volta a tocar. O Aeroporto de Navegantes está aberto apenas para aviões militares e a carga irá para Florianópolis. Machado não tem dúvida: o material se perderá.
Com a permissão do comandante Antonio Bascherotto Barreto, o médico pega carona em um helicóptero e vai a Navegantes. Chegando lá, consegue vaga em um avião de carga para a Capital. Encontra no Terminal Rita Maria o donativo já destinado a outra cidade, apesar da inscrição nas embalagens: “23 BI Blumenau. Medicamentos. Urgente”. Com a ajuda do comando do Exército de Florianópolis, consegue trazer a carga a Blumenau. O trajeto alternativo, passando com três caminhões cheios por estradas de barro no interior de Guabiruba, garante, à noite, a chegada do material essencial para a cidade.