quinta-feira, 13 de julho de 2017
Abastecer o trem
Meu vô, tinha um posto, aonde o trem abastecia.
Meudeus. Com muito saudosismo esta foi a afirmação feita pelo Quico, ao volante, no caminho de ida ao CLUBINHO lá na estrada para Brusque na noite de 11 de julho uma terça feira. Todos à bordo viram a cena e ao vivo e à cores. Os amigos Joel, o Toni e eu. Provavelmente algo como uma imagem em sépia dos anos 50 ou 60 quando ainda se via e ouvia circulando no Vale as possantes locomotivas à vapor da Estrada de Ferro Federal Santa Catarina. Nas Itoupavas em Blumenau os trilhos utilizavam o leito da margem direita do rio e na região da Ponte do Salto a linha do trem cruzava com a rodovia por baixo da referida Ponte. Vimos então os atendentes do posto recebendo aquela majestosa viatura preta, grande, soltando vapor, com um apito forte, se movimentando e estacionando na praça de abastecimento do posto do Voia. Assim era carinhosamente chamado o vô Soutinho. O trem certamente entrava pela frente da rampa de lavação, onde estava estacionada aquela camionete verde azeitona, marca Fargo. Cruzava o espaço aonde ficava o elevador hidráulico da área para lubrificação. Imediatamente o frentista chefe do Posto estaria desenrolando a mangueira e abastecendo o trem. Um atendente perguntava se queria ver na frente, o outro com estopa na mão estava pronto para puxar a vareta do óleo e o auxiliar com uma vassoura de pelo, ensaboava os parabrisas. Enquanto isso o maquinista da locomotiva descia da máquina com martelinho de ferro para bater as rodas. Uma cena fantástica. Completado o tanque, o trem agora abastecido, o frentista perguntava do pagamento se era no dinheiro ou marcar na caderneta, pois a RFFSC costumava marcar e pagava com atraso. Já a nossa viagem continuava, aos poucos, pra lá de barracão, lembramos que locomotiva não tem carburador e nem platinado. Que certamente estávamos fantasiando exageradamente. Na verdade tudo isso realmente acontecia próximo ao posto. É que o trem, era alí mesmo que abastecia, mas de água, pois a maria fumaça era a vapor. E era ali, pertinho, que ficava a caixa d’agua, do lado do Posto do Voia. Ah bão. Então tá.