quarta-feira, 19 de outubro de 2022
Texto Dr. Adilson
Adilson Tadeu Machado
Castro Laboreiro (Recebi o texto do Amigo Edson Luiz Sieczka...agora) . Boa Tarde ! 16/10/2022)
16 graus e uma garoa não muito convencida, escondido na neblina, molha o piso rústico, centenário da estradinha.
Em harmonia, o sino da Nossa Senhora da Apresentação, anuncia a passagem do seu Bento, ignorando a garoa, com suas cabras em direção ao campo, ao mesmo tempo que Dona Otávia abre o forno da padaria alpegada, de onde emana um aroma hipnotizante de pão e café, recem coado num saquinho de pano, enquanto um gato, preguiçoso e também em harmonia, lambe as patas, encostado na parede da padaria aquecida pelo forno.
No vale adiante, encoberto pela neblina, vacas, vinhas e casebres compõem a paiságem.
O tempo mesmo é diferente, pelos ponteiros sonóros da Nossa Senhora da Apresentação, são nove horas, até que passe a ser dez horas, que só mudará novamente às onze horas. Minutos são muito apressados…
O nome da vila, Castro Laboreiro, deriva de um vendedor de cães da raça laboreiro, que só existe aqui, muito procurado pela sua habilidade de lidar com cabras e ovelhas.
Segundo o pároco local, a “freguesia” conta com 300 habitantes, e de acordo com um morador, são 90 km quadrados habitados por menos de 400 pessoas, população que continua em declínio e distribuida em dez povoações, algumas já desabitadas.
A matriz de Nossa Senhora da Apresentação, data do século XIII, e só as pedras resistiram à ação do tempo, as portas e madeiras internas foram repostas inúmeras vezes.
Parece, que o campanário, ressoa suavemente cada hora, para que a matriz e a população se apercebam que o tempo, ainda que mais lento, também passa ali.
Edson Sieczka