Homens riem mais do que mulheres, afirma antropóloga Em um grupo de entrevistados, 84% dos homens responderam que riem muito e as mulheres bem menos. Só 68% se permitem rir à beça. Para eles, qualquer motivo é motivo. Uma boa risada daquelas que vêm sem querer, desavisada, larga e sem pretensão. Quando foi a última vez que aconteceu com você? “Acho que tem uns três meses”, conta uma mulher. “Hoje, aqui”, diz um homem. Quem ri mais? O homem ou a mulher? Conclusão difícil de se chegar, mas a antropóloga Miriam Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), jura que elas riem menos do que eles. E o que é ainda pior: estão cheias de inveja da risada alheia. “Ao todo, 60% das mulheres que eu pesquisei dizem que querem rir mais. É engraçado isso, porque eu sei que fico mais jovem, mais bonita, mais interessante, mais sedutora e mais leve”, conta a antropóloga Miriam Goldenberg, da UFRJ. Em um grupo de entrevistados, 84% dos homens responderam que riem muito e as mulheres bem menos. Só 68% se permitem rir à beça. Para eles, qualquer motivo é motivo. “Quando você está com amigos conversando, batendo papo, falando bobagem, falando besteira, a gente ri para caramba”, diz um homem. “É dinheiro no bolso, money”, brinca outro. Para as mulheres, a piada tem que ser muito boa. Bobeira não vale. “Tem muitas coisas que faz o homem rir, mas que a mulher não acha a mínima graça”, opina um homem. “O problema é que às vezes algo que ele acha engraçado, para ela é falta de respeito”, explica a antropóloga. Uma mulher explica: “É tão bobo que se eles parassem e pensassem com a cabeça de uma mulher”. Entender a cabeça das mulheres é algo que Arnaldo Jabor tenta até hoje. “Talvez as mulheres riam por razões mais profundas. As mulheres têm um riso um pouco mais objetivo, seja pela educação, seja realmente sentindo graça. O homem ri para esquecer”, explica o cineasta. Se é para esquecer, que seja, então, em uma boa roda de amigos. A pesquisa constatou que o mais importante para eles não é o motivo da risada, e sim com quem você vai rir. Já as mulheres não riem tanto entre elas, gostam mais de rir com os maridos, filhos, namorados. Ou seja, com eles. O motivo pode estar na autoconfiança masculina: metade dos entrevistados disse rir muito de si mesmo. Entre as mulheres, a autocensura é maior: 28%. Haja patrulha. “A gente é sempre mais julgada, mais olhada, se você engordou, se você envelheceu, o seu sucesso. O homem não”, compara uma mulher. Se o que elas querem é a risada descompromissada dos homens, a pesquisa aponta para um velho medo que pode atrapalhar tudo: o medo de ser feliz. “Antigamente, a mulher bonita não podia ser engraçada. As mulheres boas para casar eram mulheres sérias. E tem muita coisa da mulher sexy ser a mulher que fala pouco, muito calada, misteriosa. Isso ficou no inconsciente das mulheres. Então, elas acham que não podem ser engraçadas para serem bonitas”, diz a atriz Ingrid Guimarães. “Eu me lembro quando eu era garoto e minha mãe não podia rir muito, não. A alegria da mamãe inquietava um pouco meu pai. O homem tem medo da alegria demais da mulher, porque acha que ela está muito livre. É uma coisa muito entranhada na cabeça da gente”, afirma Arnaldo Jabor. A boa notícia é que os tempos mudaram. A gargalhada de mulher não põe mais medo em ninguém. Todos os pesquisadores disseram ver nenhum defeito em quem ri muito. Pelo contrário, mulher bacana é aquela que ri. Se ela é contagiosa, quem vai resistir?
Edição do dia 17/12/2010 Bom dia Brasil