sábado, 8 de janeiro de 2022
Texto do Dr. Adilson Tadeu Machado
JOÃO FRANCISCO !
Certa noite, recebi um pedido de “adicionar” no Facebook. Agradável troca de mensagens. Primo João Francisco, que talvez o tenha visto, aos 3 ou 4 anos, no Distrito de Santa Isabel, São Joaquim SC, casa de meu padrinho de batizado, Dercílio (Tio Derço). João, ficou órfão de pai aos 5 anos, cresceu por adversidades econômicas, mas uma bela família de princípios morais e religiosidade. Ao longo da vida, torna-se representante comercial bem sucedido e cidadão do bem. Conversa vai...conversa bem, contou-me que sua família, foi a ultima moradora na casa de meus avós, na invernada de cima, da Fazenda Santa Rita, antes da venda das terras. Convidou-me para uma cavalgada, ele faz parte de Clube de Cavalgadas em Lages SC, proprietário de duas belas tordilhas. Convite aceito. – Traga o seu irmão Nenê (Edson), pois lembro dele comprando patativas (pássaros)...apreciador do canto, isto há 50 anos... – João ...terei férias agora em Dezembro uns 15 dias, se você puder...seria uma boa ocasião. – Trato feito ! Convidei meus irmãos Boanerges (Neto) (Exército) e Edison (Nenê) (Marinha) meu sobrinho Nériton (Motorista) (Patrulheiro Federal), todos aposentados e partimos . Em Lages, João nos recebe na sede do Clube, galpão muito bem montado, alojamentos, rodas de chimarrão, café, muito papo, muitas histórias e estórias, mostra-nos , nas baias as tordilhas, paixão dele e passou a ser nossa ! Dia seguinte, muito cedo, partimos para Fazenda Santa Rita, camionetes rebocando tordilhas em carretas e amigo Kakaio, também cavaleiro, rebocando suas preciosidades. Fui de cabine F250, com João dirigindo...descortinando aquelas paisagens serranas da estrada Lages-São Joaquim... cada curva, cada terreno, uma estória, muita história, preenchendo lacunas de saudades de infância e adolescência. Na encruzilhada para o Distrito Santa Isabel, Café Colonial Serrano do tio Vavá Melo, fomos recebidos pela família e parentes. Não nos deixaram partir para cavalgada, sem primeiro desfrutar na cozinha da residência, de saboroso “café com mistura”: bolos de coalhada, roscas, bolachas de natal, biscoito sucrilho, delícias de nossa infância. Muita conversa, muitos causos...risadas e gargalhadas, na mesa, família de tio Vavá Melo (Terezinha Fabre Melo, Bia Fabre Melo do programa “ ôôô de casa” do SBT”, primo João (Chico) Amigo Kakaio, Manos Edson e Boanerges e Sobrinho Nériton).
Fomos para o Galpão, preparar montarias... minha sela estava com estribos muito compridos... precisamos encurtar altura – “cavaleiro só coloca ponta dos pés – se cavalo empinar e lhe derrubar o pé não pode ficar enroscado no estribo e você sair de arrasto” – (Credo... tinha esquecido) Com ajuda do primo João, Kakaio e neto Zanata (Vavá Melo), fomos ficando com montarias com arreios no ponto. Aproveitamos a varanda da casa...afinal em certa idade, volta-se à infância e colocar o pé no estribo e jogar a perna por cima do lombo da montaria, não e como montar em bicicleta. Artrites e artroses estalaram para alguns cavaleiros...teve um que só montou, com 4 ajudantes para socorrer...a mulher do caseiro só dizia: - Ahh Nossa Senhora...será que ele vai conseguir ? Conseguiu...a idade, bem não vou contar ! A esposa dele em Florianópolis disse: “ B... não vá montar...você não consegue” ...teimoso, cismento...foi e montou! Agora em Florianópolis onde mora, a mulher já disse : “Você não tem desculpa – agora quando tem que fazer serviço aqui em casa, a perna não serve como desculpa! Tá trabalhando muito ! Até roçada de pasto e árvore, já fez ...!
Partimos cavalgando por potreiros e cancelas... vento minuano no rosto, cantos de perdizes, curicacas, tico-ticos, canários, bicos chanchãs, cancelas de todo tipo, arame, madeira, etc...João prestimoso apeava, abria e fechava porteiras com ajuda do amigo Kakaio... nós nem ousávamos apear (descer do cavalo) pois não tinha “varanda”, para nos apoiar ! Taipas muito altas...foi-se o tempo de “guri” pulando taipa...agora só com guincho ! Os campos da Fazenda hoje tem muitos pomares de maçãs, terrenos cercados...fomos costeando e visitando morros e lagoas...à beira da trilha antiga e nova...macieiras carregadas ! Minha montaria, cavalo zaino, ...(- “dr” este seu cavalo é manso...fica tranquilo ...é só não galopar...rédea curta nele, viu ? ) Agora...você manter cabresto e “freu” curtos, com a mão esquerda e na direita querer fazer vídeo com celular ...meus amigos... distraído, o zaino percebia a liberdade da rédea e avançava no pomar, arrancando maçã para comer...êta bicho “bardoso” ! - “dr... presta atenção estas maçãs “tem veneno” ...pode ser perigoso... “vixe – cá com meus botões – acho que então vou ter que pagar um cavalo morto – ave maria ! Passo-à-Passo, trote...quase caio, na minha folga para filmar de cima da sela, tirei pés dos estribos...cavalo troteia...quase “escapo de cima”...baita susto ! Meu avô se visse isto, teria dito: “Guri – se cair do cavalo ---vai ter rabo de tatu ! Mantenha os pés nos estribos” – Juro que ouvi os recados – outros cavaleiros não perceberam – eu era o último na fila indiana da trilha ! Havia uns 10 anos que não cavalgávamos – mas fomos preparados, Hipoglós, 3 cuecas, chumaços de algodão...e aquele cheiro de Hipoglós... (bebês ou “cavaleiros”) – não interessa ! Fizemos ! No Galpão da Fazenda Santa Rita...apeamos. Nériton é Socorrista da PRF, experiente, ajudou aos cavaleiros a apearem.
Tivemos direito a almoço, na beira do Lajeado da Grutinha...frescau (charque) na brasa...linguiça campeira ! Tia Terezinha Fabre e filha Bia chegaram com mais “mantimentos”, maionese e pão ! Baita pic nic. De mãos dadas, oramos na grutinha de Santa Rita ! João, puxou à reza...invocou todos os anjos e querubins, e o Pai Nosso terminou com a turma com lágrimas nos olhos ! Ficou promessa de voltarmos – Santa Rita nos permita ! Querido Primo João Francisco Pereira (Chico) Deus o abençoe e sua querida família ! Dezembro de 2021 !