domingo, 15 de outubro de 2023
Texto do Adilson
Da primeira Professôra...
Até onde a memória alcança... gramado verde, uma cama de pelegos...alguns brinquedos, carrinho de madeira...céu azul, Sol forte...pela manhã... no meio da cama, o “Jóia”, sentado manuseando aos brinquedos... eu ouvia a voz da professora na sala de aula. A escola era de madeira, paredes rudes sem tinta, talvez “achas” lascadas de pinheiro, sobre pilotis, todos de madeira também...havia um porão aberto...a voz forte da Prof. Antônia ensinava na Escola Mista (4 séries ao mesmo tempo)...eu ouvia, provável ainda de cueiros, percebia um brinquedo bonito na grama, tenho esta imagem até hoje...era de cor marrom, diria de veludo...avançava e parava em direção “meu território”, na cama de pelegos. Era muito bonito, talvez pela incidência do Sol, parecia mudar de cor...azul, marrom , vindo em minha direção...não sei o que chamou atenção da Professôra, pela janela, saiu um grito de desespero, senti-me no ar num solavanco só... e parece que ouço exclamações de “Minha Nossa Senhóóóra !!!”. Com os anos ouvi o relato de que meu brinquedo colorido e movente era uma aranha caranguejeira “grande”, em cada relato mudava de tamanho, a depender do relator ! Isto foi lá na Ermida, na época no Distrito de São José do Cerrito, Lages SC. Ano talvez 1949/1950...
Lembro da Professôra, na lavourinha, horta atrás do galpão, plantando alface, couve, cenoura...e tomate, usava chapéu de palha, Sol no rosto, ressaltavam olhos de um cinza azulado...o “Jóia”, adorava “pemate”, tomate, primeiros passos na lavoura...vi um pé bonito de suposto “pemate”...sentia uma alegria e fui correndo...arranquei um “pemate” longo, vermelho...algo deu errado, levei à boca para mastigar, ardia muito, o “Jóia” desandou a chorar, os irmãos Neto e Nenê, riam muito...eu não entendia...o “pemate” que arrancara era um pimentão vermelho !
A Professôra Antônia, usava uma lousa e giz e me ensinou ao “ABC”, “maiúsculas e minúsculas”, ensinou-me escrever ao nome. Era mais fácil o segundo nome “TADEU”, o “ADILSON”, só era chamado quando fazia alguma “arte!” “ADIIIILLLLSSSON” , era porque algo não estava certo...então preferia escrever o “Tadeu”, começa com a “cruz”, letra “T”, fácil de desenhar...
Cada um de nós teve sua Primeira Professôra...né ? Eu tive a minha em casa, antes de ir para “Escolinha” ! Fôra Normalista da Escola de São Joaquim SC, nomeada primeira Professôra do Distrito de Santa Isabel, no município Joaquinense. Como menina, vendia balas “puxa-puxa”, no colégio, onde conheceu o menino Edison, mais tarde seu marido. O menino virou freguês certo, sempre com uma moeda de “quinhentos-réis”, pra ver a vendedora de balas...
Contáva-me que era obrigatório estudar Latim, Francês e Alemão...e o professor de Alemão era muito severo e “brabo”, e ela tinha pavor...bem, o “Jóia” só teve Latim, Francês e Inglês...(Vantagem? Acho que não...) Em Blumenau por 43 anos, conheço algumas expressões em anamnese médica...facilitava e tornava coloquial uma consulta com pacientes de origem !
Pois neste “DIA DO PROFESSOR”, deixo meu abraço e gratidão, por todos que Ensinam o Bem ! Ainda adoro “pemates” e aprendi gostar de “pimentão” verde ou vermelho, alguns recheados com carne moída !
BLUMENAU, 15 DE OUTUBRO, 2023 – DOMINGO !