sábado, 29 de setembro de 2018
“Guerra de Batatas”
Nesta madrugada de sábado, 29/09/2018, encontrei-me aqui na internet, com o meu querido Primo Armando Gazoli. Armando vive em Vila Velha – ES - Seus pais emigraram de Lages SC, para São Paulo – Capital, início da década de “50”. Lá ele estudou e cresceu. Nos encontrávamos nas férias escolares, quando vinham da grande metrópole, ele seu mano “Bilí” (Renato) e megulhávamos no nosso “mundo encantado”, da “invernada de cima – Fazenda Santa Rita”, beira da estrada de rodagem de Lages para São Joaquim. Acho que uns 20 Km depois do Rio Lavatudo, já no município de São Joaquim. Era conhecida a entrada por “Portão Encarnado”, pelo cor vermelha alaranjada, que fôra a primeira vez pintado aquele portão, misto com porteira e tronqueiras. Janeiro e Fevereiro, 1959 , verão... as lavouras de milho e batata em pleno crescimento. A “batatinha” era plantada em carreiras, junto com o milho, espaçadas em distâncias semelhantes. Milharal alto, folhas de milho que ao vento, produziam um som peculiar. Voltando de uma de nossas “caçadas de passarinho”, bocós (bolsa de pano à tira-colo) vazios das pedras (munição), resolvemos cortar caminho, de retorno para casa pulando a taipa e passando por dentro da “lavoura do rodeio”. Alguém de nós, chutou a elevação da “carreira de plantio das batatinhas” e expôs, estas ,muito tenras e redondinhas, pouco maior que uma “quilica”, bolinha de vidro ou gude. Ideal para uma “guerrinha com funda” (estilingue ou atiradeira). Nos afastamos eu, Armando e Renato (Bilí) seu irmão mais novo ... como num duelo de “faroeste”, um triângulo, onde nos ocultávamos pelas folhas densas e verdes do milharal. Como hoje nos campeonatos de “paintball”, iniciamos nosso combate. A batatinha quando arremessada cortando as folhas do pé de milho, produz um som repetido “tá-tá-tá”. Quando a batatinha atingia um de nós era possível ouvir um “ai” de gemido alto, porque ardia bastante ! Gostosas e altas gargalhadas quando atingíamos ao “inimigo”. Nossas gargalhadas foram ouvidas por nosso Avô Boanerges que estava em casa. Enviou meu primeiro Irmão Boanerges Neto, espiar o que a “piazada”, estava aprontando. Tão logo tomou conhecimento, ouvimos os gritos de chamada para comparecer à sua presença ! Vô Boanerges era um Joaquinense alto, forte, olhos azuis, descendente de tropeiros de Sorocaba SP, conhecido e respeitado pela seriedade de “sua palavra” e pela honradez ! “Tio Nejo”, como era conhecido, nos esperava na varanda, requisitou nossas “fundas” e nos passou um “sabão” (sermão) por causa do prejuízo, que causáramos as plantações de “batatinha” e milho. Fomos colocados de castigo, sentados e um banco de madeira, na cozinha. Onde ficamos em silêncio, por um longo tempo. Conciliador, nos devolveu nossas “armas”, fundas, não sem antes nos exigir, ao compromisso de não mais ocorrer “guerra de batatas” ! Tio Nejo, era o avô que com um olhar, dominava com autoridade ao ambiente. Amávamos imensamente, assim como admirávamos pelo respeito que desfrutava entre todos. Não seria necessário dizer que nós, Primo Armando e eu, sentimos algum “cisco” que molhou nossos olhos. A tecnologia da internet, nos propiciando um recanto da Saudade ! Bom Dia ! "Bênção Vô Boanerges! - Bênção de Deus Meu Neto !"
Texto de Adilson Tadeu Machado